O queniano James Kwambai e a etíope Yime Wude Ayalew venceram na tarde desta quarta-feira a 84ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, disputada sob calor de 28 graus e 50% de umidade do ar, mas sem a chuva que caiu nos últimos dias em São Paulo. Com isso, a África manteve a hegemonia na tradicional competição paulistana.
Vice-campeão da Maratona Internacional de Berlim, com o extraordinário tempo de 2h05min36s, James Kipsang Kwabai esteve sempre entre os líderes da competição e travou um duelo particular com o seu compatriota Evans Cheruyiot, vencedor da Maratona de Chicago deste ano, que chegou na segunda colocação.
Fundista consistente, Kwambai, que ganhou este ano a Meia Maratona (21.097m) de Virginia Beach, nos Estados Unidos (1h02min11s), comemorou bastante a resultado da prova que teve um pódio totalmente estrangeiro.
“Agradeço ao povo de São Paulo e todo mundo que vibrou comigo durante a prova. Foi uma excelente corrida. Me esforcei ao máximo para vencer”, afirmou o campeão.
Sobre a hegemonia dos quenianos na corrida de São Silvestre, James conta que não há tática especial para vencer. “O nosso segredo é o treino. Se falam para correr durante 1 hora e 20 minutos, eu corro. Decidi disputar a São Silvestre em novembro e treinei forte para esta prova”, acrescentou o atleta queniano.
O brasileiro Franck Caldeira, campeão em 2006 e um dos favoritos, não teve sorte e abandonou a corrida pouco antes do quilômetro 10. O pódio foi dominado pelos estrangeiros e o melhor brasileiro na prova foi Raimundo Nonato, na sétima posição. “O ritmo da prova estava muito forte. Tentei acompanhar, mas não tive perna”, explicou Nonato.
No feminino, a etíope Yimer Wude Ayalew, de 21 anos, assumiu a ponta no quilômetro 8 ao ultrapassar a tanzaniana Sara Ramadhani e não foi mais ameaçada. Especialista em provas mais curtas e de velocidade, ela demonstrou muita energia completando os 15 quilômetros à frente de James Kwambai, no esperado confronto Homem x Mulher na competição (a prova masculina teve largada apenas 7 minutos depois da feminina).
“No início da prova as quenianas e a tanzaniana estavam num ritmo muito forte e decidi segurar um pouco. No quilometro 8, senti minhas pernas fortes. Estou muito feliz. O Brasil me deu sorte e também estava em um bom dia”, explicou a campeã.
A corredora, muito tímida, tem resultados expressivos como 14min57s23, nos 5.000 metros; 8min35s50, nos 3.000 metros; e 31min06s84, nos 10.000 metros – resultado obtido na Golden Spike Ostrawa, no dia 12 de junho deste ano. Ela ganhou também a 2ª Corrida da Mulher, disputada entre as Docas de Alcântara e a Torre de Belém, em Portugal, quando superou inclusive a queniana Alice Timbilili, campeã da São Silvestre do ano passado.
Ao contrário do pódio masculino, o feminino teve quatro brasileiras: Fabiana Cristine da Silva terminou em segundo lugar, seguida por Marily dos Santos, Edielza Alves dos Santos e Luzia de Souza Pinto.
A pernambucana Fabiana comemorou bastante o resultado. “Decidi treinar para São Silvestre sem ficar preocupada com resultado. Essa foi a minha tática e deu certo”, contou a vice-campeã que está se recuperando de uma lesão no pé esquerdo.
Já Marily dos Santos comemorou muito a terceira posição no pódio e se emocionou ao lembrar da mãe (Maria do Socorro), que teve um AVC e uma parada cardíaca há cinco dias. “Estava agoniada com a situação dela. Antes de vir para São Paulo, fui visitá-la no hospital e na única visita permitida, ela abriu os olhos e disse que eu iria correr bem. Esse foi o meu presente para ela”, disse a alagoana.
Emoção na despedida - Vanderlei Cordeiro de Lima encerrou sua carreira profissional da maneira que esperava, com festa do público durante todo o percurso. “Cada passada minha durante a prova representou um pouco da minha dedicação por este esporte que tanto me deu alegria. Agora, vou me divertir correndo como amador. Agradeço a todos os brasileiros que me apoiaram”, afirmou Vanderlei, que foi homenageado no pódio, ganhando o Troféu Marco da Paz.
Bicampeão pan-americano e medalha de bronze na Olimpíada de Atenas/2004, Vanderlei terminou a prova na 102º posição, com o tempo de 52min12s.
Tradição e força - James Kwambai foi o quarto queniano a vencer a prova masculina da São Silvestre. Foi também a 11ª vitória do país africano, que tem cinco primeiros lugares com Paul Tergat (95, 96, 98, 99 e 2000), três com Robert Cheruiyot (2002, 04 e 07) e duas com Simon Chemwoyo (92 e 93). Agora, o Quênia supera o Brasil que tem dez vitórias masculinas, desde que a competição se tornou internacional.
No feminino, Yimer Ayalew obteve a segunda vitória etíope na prova feminina e a terceira no geral. Antes dela, Derartu Tulu ganhou em 94 e, entre os homens, Tesfaye Jifar ganhou em 91.
Os recordes da prova, desde que mudou para o percurso atual de 15 quilômetros, continuam com os quenianos Paul Tergat (43min12s), desde 1995, e Hellen Kimayo (50min26s), desde 1993.
Classificação da 84ª São Silvestre
Masculino
1- James Kwambai (QUE) – Nike – 44min42s
2- Evans Cheruyot (QUE) – Nike – 45min16s
3- Kiprono Mutai (QUE) – Athletic Sports – 45min28s
4- Marco Joseph (TAN) – 45min37s
5- William de Jesus (COL) – Porvenir – 45min47s
6- Nicholas Koech (QUE) – 45min52s
7- Raimundo Nonato Sousa Aguiar (BRA) – Pé de Vento – 46min05s
8- Eduardo Antonio da Silva (BRA) – Conforlimpa– 46min17s
9- Giomar Pereira da Silva (BRA) – Cultura Inglesa – 46min35s
10- Helder Ornelas (POR) – Conforlimpa/Nike – 46min39s
Feminino
1- Yimer Wude Ayalew (ETI) – Nike – 51min37s
2- Fabiana Cristine da Silva (BRA) – Pão de Açúcar/BM&F – 52min28s
3- Marily dos Santos (BRA) – Mizuno/Caixa – 52min48s
4- Edielza Alves dos Santos (BRA) – Unidf/Cruzeiro – 53min02s
5- Luzia de Souza Pinto (BRA) – Caixa/Fecan/Unicsul – 53min52s
6- Cruz Monata da Silva (BRA) – 53min57s
7- Priscah Jeptoo (QUE) – 53min58s
8- Diana Judith Landi Andrade (Adidas/Gatorade) – (EQU) – 54min07s
9- Rosa Alva Cracha (EQU) – 54min41s
10- Sueli Pereira da Silva (BRA) – Unidf – 54min46s |